O que são jogos? Apenas humanos jogam? O que essa atividade significa e quais as repercussões que ela tem e teve na história ou no desenvolvimento humano? Por que alguns adoram e outros dizem desprezar?
Jogos sempre fizeram parte do cotidiano. Nos ajudam, nos divertem, nos ensinam, nos entretém, nos unem, mas também podem nos dividir. Dentre seus muitos usos, o do entretenimento é o que é mais percebido.
Com a invenção dos videogames, os jogos disseminaram-se por toda a sociedade. Para jogar, bastava querer, e hoje se fazem mais presentes que nunca, mas o que se conhece sobre jogos ainda é incerto. Você gosta de jogar? Então me diga: o que são jogos?
Por que definir jogos?
A falta de compreensão sobre jogos sempre gerou estigmas sociais. Seja em relação aos jogos de tabuleiro, baralhos, pinball, video games ou brincadeiras livres. E esses estigmas sociais refletem-se na atualidade: eles contribuíram para o atraso no interesse acadêmico sobre jogos. Além disso, reforçam o preconceito e criam barreiras para a formalização de uma definição ou conceito adequado.
Atualmente, a sociedade é mais tolerante a jogos. Há várias escolas para design de jogos e videogames, mas o quanto se conhece sobre o assunto ainda é muito pouco. Isso gera, inclusive, alguns incidentes curiosos na indústria, como designers de jogos de sucesso levando empresas à falência, principalmente por seus outros produtos não atingirem um público adequado, dentre outros incidentes, que apresentaremos aqui, na Gamegesis.
Coisas que poderiam ser evitadas se a compreensão sobre jogos fosse mais profunda. Afinal, como fazer algo que não tem definição adequada? Como você faz algo que não sabe o que é? Como ensinar, ou aprender, algo que não está definido?
Na produção e ensino de jogos, por exemplo, é praticado o processo ‘Mestre-Aprendiz’. Nele, o aprendiz apenas copia o que o “mestre” faz, o que resulta na produção de uma série de jogos similares e isso já demonstrou não ser suficiente. Raramente o aprendiz aplica alterações, usualmente sob críticas do “mestre”. As novidades na área surgem dessas ousadias, mas raramente ganham o público.
Sem uma definição adequada, não há como preparar materiais ou práticas para educação ou treinamento. Sem definição ou práticas não há como melhorar esse processo de criação de jogos.Como estudar ou pesquisar jogos sem uma área voltada para isso? Como delimitar essa área de estudos, assim como são delimitadas as áreas de Física, Química ou Matemática? Como definir uma área de estudos se não se sabe o que é para ser estudado? Como definir processos de projeto ou de desenho se não se sabe o que é para ser projetado ou desenhado?
As produções de jogos têm sido derivadas de experimentações e percepções individuais. Essas práticas estão sujeitas a interpretações específicas segundo cada designer e as definições propostas atualmente apresentam ambiguidades ou falhas, sem deixarem de ser válidas para aquele designer.
No entanto, sem uma definição adequada, não há como estabelecer a área de Game Studies. Tentativas de que o objeto de estudos, os jogos, sejam apropriados por outras áreas têm sido comuns, como as que definem os elementos usados pelos jogos, como comunicação, literatura ou narratologia. Inclusive, houve propostas para que jogos não fossem formalmente definidos.
Estudar jogos por meio dessas áreas específicas faz com que características próprias deles sejam ignoradas e diminuam a importância de outros elementos pertinentes, afinal, a atenção seria dada aos elementos da área estudada, ou sob a ótica da área estudada.
É preciso definir um processo adequado para estudo de jogos, um processo que evite “contaminações” por outras áreas do conhecimento, que analise os elementos de jogos dentro do contexto de jogos. Para isso acontecer, é necessário que se defina uma área específica para eles.
Utilizar práticas ou conhecimentos de outras áreas é importante, já que jogos possuem elementos que são objetos delas, mas possuir ou usar algo não atribui jogos como elementos dessas áreas, o que contribui para a confusão. A prática de jogar ou de brincar são anteriores à concepção dessas áreas.
Assim como a Física ou a Química tem seus objetos de estudos específicos, elas usam conceitos ou elementos de outras áreas, como a matemática ou filosofia, mas ambas com delimitações bem definidas. Entretanto, Física e Química são Ciências com processos de estudos milenares. Para jogos, é preciso começarmos a delimitar a área e para isso, entender adequadamente o que é o objeto de estudo. Como jogos utilizam recursos de outras áreas, uma análise aprofundada e imparcial é necessária.
A proposta do projeto Gamegesis
A Gamegesis surge como um trabalho para esse objetivo: conscientizar a população e a sociedade sobre jogos. Atuamos na definição do conceito de jogo e no estabelecimento das delimitações da Game Studies, favorecendo o desenvolvimento da área, o processo educacional e de produção de jogos.
Na Gamegesis, você poderá acompanhar: os jogos pela história, saber o que são e as diferenças entre Jogos de Progressão e Jogos de Emergência, além de conhecer a participação das Mulheres no Universo dos Jogos. Acompanhe, também, a Análise de Desenho de jogos e muitos outros conteúdos que preparamos para vocês!Tudo isso e muito mais você encontra aqui no portal, além dos nossos podcasts: Gamegesis Diáspora, Gamegesis Ludus, e Gamegesis Paideia.Estamos atentos às novidades e ao estado da arte na área de design e pesquisa de jogos, dispostos a explorar, desvendar e revelar esse desconhecido mundo a vocês. Sejam bem vindos à Gamegesis!